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Minha Infância

Ademar Pedro Xavier

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"Minha infância foi muito boa..."
 

 Papai nasceu logo após a Primeira Guerra Mundial. Decerto que muito não afetava ao lugar onde nasceu, interior do Estado do Rio de Janeiro mas, a grandiosidade do fato histórico, marca consequências para uma população mundial de aproximadamente 1,5 bilhão de pessoas, das quais 15 milhões foram perdidas na guerra.

  O "lugarejo" chamava-se ainda Capivari, não existiam meios de comunicações e o mais moderno era o telégrafo.

  Como desbravadores, os cidadãos daquela época viviam. A agricultura era fonte de renda, talvez única. A estrada de ferro ligação com a capital e o mundo.

 Alguns fatos retirados da Wikipédia
 
1920

• Quarto censo conta 30.635.605 habitantes (5,2% estrangeiros). • O Distrito Federal (Rio de Janeiro) deixa de ser o foco industrial brasileiro. São Paulo detém maior capital, maior produção, nº de empresas e nº de funcionários. • Selo comemorativo da visita do Rei Alberto da Bélgica ao Brasil. • Para vingar a morte do seu pai, Lampião entra no cangaço. • Fundada em 1865, a organização protestante, Exército da Salvação, inicia suas atividades no Brasil. • É criada a primeira universidade do país, a UFRJ, Universidade Federal do Rio de Janeiro. • Edu Chaves voa do Rio de Janeiro a Buenos Aires. • As saias tornam-se mais curtas e de cintura baixa e o corte de cabelo feminino, à “la garçonne” (curtos, aparados na altura da nuca). • Em São Paulo é fundada a Associação Portuguesa de Desportos. • Começa a circular em São Paulo a Gazeta Mercantil. • Monteiro Lobato estréia na literatura infanto-juvenil com A Menina do Narizinho Arrebitado (Reinações de Narizinho). É inaugurada a série do Sitio do Picapau Amarelo. • O presidente veta a participação de negros no selecionado brasileiro de futebol. • Pela 1ª vez o Brasil participa dos jogos olímpicos. São enviados 21 atletas para Antuérpia. Ganhamos 3 medalhas. Guilherme Paraense a de ouro no tiro, modalidade pistola automática. • Ingleses desembarcam no Brasil a procura de ouro em Minas Gerais e com eles trouxeram uma nova modalidade esportiva, o squash. Dizem que este esporte, foi inventado por presidiários, em suas próprias celas, no século XIX.

 
Sobre a Capital do Brasil
 

"A cidade do Rio de Janeiro foi a capital do Brasil de 1763 a 1960, quando o governo foi transferido para Brasília, mas se mantém a segunda maior cidade do país, depois de São Paulo. Entre 1808 e 1815 foi a capital do Reino de Portugal e dos Algarves, como era oficialmente designado Portugal na época. Entre 1815 e abril de 1821, foi a capital do Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves após a elevação do Brasil a parte integrante do Reino Unido. É a única cidade do mundo que sediou um império europeu fora da Europa."

 
"O Estado do Rio e a República Velha"
 

A decadência foi a tônica na província nos últimos dias do regime imperial. Na luta pela República, vários foram os fluminenses que se distinguiram, cabendo citar Antônio da Silva Jardim, Lopes Trovão, Rangel Pestana, entre outros. Também forte foi a presença na campanha abolicionista.

Com a proclamação da República, logo ocorreram problemas políticos que foram, com o tempo, lhe retirando a grandeza e o destaque conseguidos durante o Império."

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Prefeitura de Silva Jardim

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A infância contada em conversa.

 

  Segundo filho da união de Máximo Pedro Xavier e Vergília Magalhães Pereira Xavier, meu pai nasceu em Capivari, aos 31 dias do mês de agosto de 1920, mas, faz questão de frisar, meu avô só o registrou em 12 de março de 1921.

  Ele e mais três irmãos nasceram e moravam a mais ou menos 3Km do centro de Capivari, em um sítio de propriedade do sr. José de Freitas, coletor federal na época e dono de grande parte de terras no em torno da cidade, que ele chama de roça.

  Ele começa seu relato sobre sua infância falando de como andavam 3Km para ir a escola ele e meu tio Orlando,  mais velho que ele 2 anos, cortando caminhos por entre pastos enormes com muitos bois, em meio ao matagal. Na época, que rememora, ele tinha 7-8 anos e já haviam mais dois irmãos menores, Herval e Jair.

  Meu avô era “caixeiro” – como se chamavam ao balconista de hoje – de um “armazém” do sr. Nilo Mello na cidade e acordava muito cedo para fazer o mesmo trajeto e ir trabalhar. Minha avó trabalhava na roça plantando e colhendo, cuidando dos animais caseiros e dos filhos.

  Meu pai conta que só viam seu pai aos domingos, mesmo assim trabalhando no sítio em moinhos de farinha.

 Contudo, ele fala de uma infância feliz. Talvez por lhe parecer normal e para época que viveu, ele não precisava trabalhar para ajudar em nada. Minha avó não permitia.Talvez então pudessem viver os folguedos naturais de crianças em qualquer lugar desse mundo, mesmo em meio ao mato, com poucas pessoas para conviver e dividir os espaços e as brincadeiras e brinquedos.

  Ele conta que, naquela época, os colégios ainda eram separados por sexo e eles estudaram 2 anos no colégio masculino que existiu onde hoje existe uma igreja protestante.

  Depois, veio o primeiro colégio misto da cidade, perto da estação de trens, onde estudou por mais um ano, até que fizeram o primeiro Grupo Escolar, modesto, com 4 salas somente e de pátio aberto, para onde migrou para fazer a 4ª série juntamente com alunos da 5ª, que dividiam a mesma sala por falta destas para separarem as classes.

  Uma coisa que não foi boa para o meu pai, foi o fato de haverem construído o Grupo Escolar no terreno de um campo de futebol da época, onde jogava o time que se chamava Palmeiras. Ele disse ter visto muitos jogos de futebol ali e que esse time só veio a desaparecer com o desaparecimento do sr. Ferreira, dono do time. 

  Nesse período, meu avô já havia conseguido com seu patrão, uma casinha na cidade, preocupado com seus filhos e com ele mesmo para não terem que caminhar tanto e cumprirem seus deveres.

  Meu tio Orlando, acometido por um mal que ele, meu pai, desconhece, só conseguiu completar a 2ª série. Isso sem falar no “Impaludismo” – a febre malária – que acometia a quase toda cidade naqueles tempos.

“ _ Nos trens que viajavam de Campos para o Rio, ao passarem por Capivari, fechavam suas janelas em função da Malária.”  - conta papai.

  Ele conta que meu tio passou 6 anos com uma chaga aberta no flanco de seu corpo, que insistia em não sarar. A luta foi grande e com isso meu tio não pode desfrutar da infância e da juventude como ele pode.

  Idas e vindas ao Rio de Janeiro, internações e um bom tempo na casa de um tio por parte de mãe, Antonio, que por lá morava.

  Meu avô, em 1929, conseguiu seu primeiro comércio no bairro do Caju e para lá eles haviam se mudado.

  Com o evento de meu tio e de ter que cursar duas séries em um mesmo ano, o que o fazia ter que freqüentar dois turnos de colégio, meu avô ficava sem ajuda no comércio (“venda” – assim chamavam) e, por isso, resolveu que meu pai teria que parar com os estudos. Papai já contava 12 para 13 anos, já haviam mais dois irmãos, tia Margarida e tio Zéca. Também já tinha perdido o tio Herval, que não resistiu a Malária aos 8 anos de idade.

  Ele lembra ainda que havia uma olaria perto de casa, na cidade, onde nos finais de tarde, viravam os tijolos em troca de uns míseros trocados, ele e mais um grande número de crianças.

  Lembra do hotel que pertencia ao pai de um grande amigo, Itamir, onde havia um gramado dividido em dois, no centro da cidade, onde todas as noites se reuniam as crianças para brincarem de muitas coisas comuns à idade.

  Lá se iam 1933 e a sua juventude estava começando então.

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Vista da cidade. Localização onde existia o hotel de lembranças em sua infância.

Enfim, ele escreveu.

Minha Infância

 (por Ademar Pedro Xavier)

 

Escrito em outubro de 2007.

 

Nascido em 31 de agosto de 1920, na localidade denominada Coqueiros, no município de Capivari, RJ, distante 3 Km aproximadamente do centro da cidade. Portanto, na roça, em sítio pertencente ao sr. José Freitas (coletor federal do município), em situação de inquilino.

Filho de Máximo Pedro Xavier e Virgília Pereira Magalhães, que já tinham tido o primeiro filho, Orlando, nascido em 17 de abril de 1919. Meu pai trabalhava como caixeiro de balcão no armazém do sr. Nilo Mello, situado no centro da cidade e mamãe, além dos afazeres domésticos, fazia plantações de mandioca para fabricação de farinha, bijus, solas, etc. Milho e feijão, guando, abóbora, melancia, chuchu, inhame e cará, mamão e etc. Cuidava de criações de porcos, e aves em geral.

Aos domingos, papai e mamãe faziam farinha de mandioca, na casa de farinha de propriedade deles, que no meio de semana era alugada aos vizinhos, que efetuavam sua produção para sustento.

No sítio, entre 1918 e 1927, nasceram mais dois irmãos: Herval em 1922 e Jair em 1924. Em 1927, o patrão de meu pai conseguiu ceder uma casa de sua propriedade para que pudéssemos morar no centro da cidade, pelo fato de eu e Orlando já freqüentar a escola, devido a distância e ao caminho que passava por dentro de um pasto de gado.

Eu cursei o primário (1ª e 2ª séries) no colégio masculino da cidade (creio que estadual), e a 3ª série na escola mista, com 3 alunos para a professora de nome Lurdes Pereira (ainda viva nos dias de hoje) a qual devo tudo que aprendi no curso primário, quando ela além de nos dar aulas de 3ª série, sentava junto a nós e terminava o período nos ensinando tudo sobre 4ª e 5ª séries, que nos facilitou muito (eu, Deocleciano e Deoclécio), já no Grupo Escolar e Capivari.

Nesta época, 1929, o padrinho meu pai, Máximo Carvalho da Fonseca, agricultor próspero, o convidou para uma sociedade. Ele entraria com o capital (3 contos de réis) e papai assumiria a firma denominada Fonseca e Xavier, que era um armazém de secos e molhados, na localidade suburbana de Caju, com amplas instalações comercial e residencial.

Neste local nasceram Margarida e Dinair, faleceu Herval com 8 anos devido ao impaludismo (Malária).

Quando freqüentava a 4ª série, faltando 3 meses para o final do ano, a nossa professora, Olga Morgado, decidiu por 2 turnos de aulas e meu pai, então necessitado de minha ajuda no trabalho em função dos trabalhadores da Leopoldina que faziam a colocação de pedras nos trilhos, e por meu irmão mais velho, Orlando, com um problema de saúde que o levou a ficar quase 6 anos na Santa Casa de Misecórdia do Rio de Janeiro (capital do Brasil), tirou-me da escola.

Portanto, nem eu e nem meu irmão conseguimos cursar o primário completo.   

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"Não tenho nenhum registro fotográfico desta época. Afinal, eram anos 20, em Capivari, bem no interior do Estado do Rio..."
 
Fato marcante deste tempo passado
 
A Primeira Guerra Mundial (também conhecida como Grande Guerra antes de 1939, Guerra das Guerras ou ainda como a Última Guerra Feudal) foi um conflito mundial ocorrido entre Agosto de 1914 a 11 de Novembro de 1918. A guerra ocorreu entre a Tríplice Entente (liderada pelo Império Britânico, França, Império Russo (até 1917) e Estados Unidos (a partir de 1917) que derrotou a Tríplice Aliança (liderada pelo Império Alemão, Império Austro-Húngaro e Império Turco-Otomano). A guerra causou o colapso de quatro impérios e mudou de forma radical o mapa geo-político da Europa e do Médio Oriente.
 
 

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 A Década de 20.

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